Sobre o mar

14:38

"Eu caminhei calmamente, inspirei profundamente algumas vezes e apenas sorri. O que estava diante dos meus olhos era inexplicável e tão cheio de explicação. Quantas pessoas já tiveram essa mesma visão? Quantas músicas aquela mesma paisagem inspirou? Quantas olhos já passaram distraídos por aquele lugar barrados apenas pela janela do carro? Muitos, disso eu tinha certeza. Mas para mim, ah, para mim, aquela era a realização de uma vida inteira de espera. Então perdoe-me se eu for clichê ou repetitiva, essa é apenas a perspectiva de uma garota que tinha isso como um grande sonho.

A primeira coisa que atingiu meus sentidos não foi a imensidão ou o som de calmaria, foi a areia, que criou uma perfeita paleta de cores ao contrastar com os tons azulados e esverdeados da água, ela que se estendia solta e bagunçada até alguns passos a frente, onde acabava amontoada lisa e uniforme em seu encontro com a umidade. Meus pés afundavam na maciez dos pequenos pontinhos amarelados conforme eu avançava. Depois de me sentar, eu me perdi por um tempo na segunda coisa que captou a minha atenção, o infinito. Essas belezas inalcançáveis sempre tiraram meu fôlego, coisas tão altas ou profundas que não se pode tocar, não com as mãos, pelo menos. A quantidade de água, a extensão do azul, a força das ondas, era tão apavorante quanto era belo. 


Distraidamente meus dedos brincavam com a areia, e o cheiro de maresia me atingiu, eu não sabia até então que aquela era a tão famosa maresia, mas entendi pouco tempo depois. O barulho constante e rítmico das ondas quebrando me hipnotizou mais que a visão de tudo aquilo. Eu poderia passar horas, dias, semanas, meses ali e não me cansaria daquele som.


Se alguém me perguntar do que eu mais gostei, devo dizer que foi da explosão de sentidos que toda aquela experiência me causou. Tato, visão, audição, olfato... E até o paladar, porque é claro que eu provei um pouco da água pra confirmar que era mesmo salgada.


Sentir a água gelada nos meus pés, depois mais alto nos tornozelos, até que uma onda tão grande se quebrasse sobre mim e me deixasse encharcada foi a parte mais desafiadora, não só pelos ventos indulgentes e gelados, mas pelo medo que eu tenho da água agitada. Mas posso dizer que depois de alguns minutos, o balançar suave da água acalmou as batidas do meu coração, e eu consegui caminhar para mais longe, sentindo o leve roçar da água na ponta dos dedos.


Depois de sacudir os chinelos e me secar precariamente com uma toalha emprestada, porque sim, eu esqueci a minha na primeira ida à praia, eu entrei no carro estonteada e feliz, e ao assistir o pôr do sol amarelo fraco do lado de fora da janela, eu brincava com o restante da areia que arranhava a pele dos meus dedos e pensava na grandeza do Deus que mora em mim, que depois de criar o céu, a terra e o mar, se preocupou com a cor do meu cabelo e da minha pele. Suspiro. Sua criatividade e grandeza me acompanham sempre, pois ao olhar para tudo aquilo, só posso ter mais certeza da sua existência e do seu grande, grande, grande e profundo amor."








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